16 de ago. de 2010

Químico da BP contra vazamento é pior para corais que o óleo, diz estudo


O produto usado pela BP para efetuar a limpeza do mar após o vazamento da plataforma de petróleo Deepwater Horizon, no Golfo do México, é mais danoso às populações de corais da região que o próprio óleo, apontam testes de laboratório. O dispersante Corexit 9500A, usado pela empresa para combater o maior vazamento de óleo da história dos Estados Unidos, impede que larvas de corais se fixem nas superfícies onde costumam amadurecer. Estas larvas minúsculas (do tamanho da cabeça de um alfinete) flutuam pelo mar antes de se fixarem em superfícies como pedras e colinas submersas ou velhas torres de petróleo, e o desenvolvimento de uma colônia leva centenas de anos para acontecer.

Pesquisadores do laboratório Mote Marine em Summerland Key, no estado norte-americano da Flórida, estudaram como as larvas de corais de água rasa Mustard Hill se fixam em discos de cimento em três combinações diferentes de líquidos: água do mar com óleo, água do mar com o dispersante usado pela BP, e uma combinação dos três juntos. As concentrações de óleo e dispersante eram semelhantes às concentrações prováveis de serem encontradas ao redor da abertura do poço da plataforma Deepwater Horizon, antes dela ser tampada. A equipe observou por 48 horas, tempo médio que uma larva do tipo gasta para se estabelecer. Testes preliminares mostram que as larvas na mistura de água e óleo são capazes de se permanecerem nos discos, enquanto aquelas em recipientes com o dispersante ficaram suspensas na água.

Os corais Mustard Hill ainda não foram expostos ao óleo ou aos dispersantes, mas os pesquisadores que estudam corais de mar profundo que ficam próximos ao poço danificado da BP estão preocupados com os resultados. “Você deve testar cada espécie de coral individualmente, mas não podemos fazer isso habitualmente”, afirma Steve Ross, zoólogo e especialista em corais de mar profundo da Universidade de Carolina do Norte. “Nós podemos assumir que, se há um impacto negativo em um tipo de coral, haverá um impacto negativo em outro”, diz.

Nos vazamentos em águas profundas, o óleo normalmente sobe para a superfície, não afetando os corais abaixo. Mas, neste caso, a BP liberou dispersantes no fundo do mar para impedir que o óleo subisse à superfície e atingisse regiões costeiras e pântanos. Segundo Kevin Yeager, geólogo de sedimentos na Universidade de Mississipi do Sul, as gotas de dispersantes e óleo podem se juntar a partículas de resíduos, deixando-as mais pesadas e fazendo com que elas afundem no leito do mar.

O uso de dispersantes pela BP tem sido controverso porque eles nunca foram usados nesta quantidade ou lançados tão profundamente. Um grupo de oceanógrafos proeminentes recentemente publicaram um documento afirmando que eram contra o uso contínuo destas substâncias no Golfo do México (confira 0 documento na íntegra neste link, em inglês). Estudos preliminares da Agência de Proteção ao Meio Ambiente dos Estados Unidos mostram que os dispersantes não parecem ser tóxicos à organismos marinhos. Entretanto, David Vaughan, diretor-executivo do laboratório Mote Marin, disse que a organização somente avaliou larvas de peixes e pequenos crustáceos, não corais ou suas larvas.

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